Capital de São Paulo, 7 de outubro de 2020. Escolas reabrem, após seis meses, para receber os alunos com funcionamento adaptado para o período pandêmico ocasionado pelo novo Covid-19.
Famílias, escolas, crianças e sociedade vivem o dilema do isolamento (quem nunca esteve isolado nesta sociedade individualista?). Paralisia das aulas (estava caminhando bem anteriormente?) e inúmeras duvidas cujas respostas só virão com o tempo (e muito estudo!), incluindo uma dose considerável de coragem, aventura e aceitação. Existirá um fim? Não sabemos, mas a continuidade é certa. Não podemos prever com exatidão o que vai acontecer, nem pesquisas e cartomantes tem notícias para nos fazer acreditar. Verdade? Qual? Dois mais dois não são quatro, nem cinco, nem seis.
Nunca a escola encarou seu caráter provisório, transitório e imprevisível do mesmo modo como precisa fazer hoje. Voltamos. Espero que não. Não pra o mesmo lugar de onde paramos. Voltamos com responsabilidade, acolhendo com uma boa dose de ilusão. Dias melhores virão, mas não vão cair do céu.
Virão com muito estudo, conhecimento, trocas, participação e a colaboração da comunidade escolar, do entorno, do bairro, da cidade, e assim por diante. Virão junto com a afirmação da escola como um lugar coletivo de construção de conhecimento.
Virão com a generosidade dos saberes da alma, da biologia, da saúde, da educação, da arquitetura e tantos quantos no guiem para continuar. O que é um metro e meio para as crianças? Alguém já escutou as respostas delas?
Como foi a experiência do retorno? Quais as medidas adotadas? Quem voltou? Quem não voltou? Como cada um vivenciou este retorno? (Cada um: crianças, equipes, famílias, entorno…) Avaliar é importante, e dois mais dois não são quatro, lembra? Aprendeu? Notas, rankings escolares e canetas vermelhas não vão funcionar nesta avaliação.
Avaliar, rever, conversar, respeitar, são maneiras responsáveis de acolher. Sorte para nós! Bom retorno ao longe, um lugar que não existe. Vamos chegar lá.
foto: Pexels

Tânia Fukelmann Landau
Adulta e brincante, gosta de estudar e escrever. Lê muito e estuda tudo o que diz respeito a infância, criança e educação. Tem se dedicado a formação continuada de educadores e a cuidar de quem cuida. Viveu e ainda vive com pé no chão da escola atuando como professora, coordenadora e assessora pedagógica. É fundadora e diretora da Converso Educação, instituição de curadoria e assessoria pedagógica que inclui uma livraria especializada na área. Formada em pedagogia pela PUC-SP, com especialização em Educação lúdica pelo ISEVEC. Membro atuante da Rede Pikler Brasil.